Fernanda Monteiro

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D. Letícia Barreto

Letícia Barreto é artista plástica e trabalha com arte educação há 25 anos.

Como bolsista da Fundação Rotary Internacional, estudou Artes Plásticas no Instituto Lorenzo de Medici, em Florença, Itália. Ainda na Itália, fez cursos de formação e especialização para professores em artes plásticas. O seu trabalho artístico desenvolve-se através de vários meios de expressão, privilegiando a Pintura, o Desenho, a analogia visual, a intervenção sobre objectos e a intervenção urbana.

Participa desde 1992 em mostras coletivas e individuais, tendo já exposto no Brasil, Itália, Estados Unidos, Equador e Portugal. Entre as exposições cabe destacar a participação na Frestas Trienal de Arte em Sorocaba, a exposição “Woundscapes, suffering, creativity and bare life” no Pavilhão Preto no Museu da Cidade em Lisboa (2012), que posteriormente foi exibida no Centro Universitário Maria Antonia (USP/SP em 2013), e "Museu do Esquecimento II" na Galeria Palácio de Galveias, Lisboa (2009).

Em 2007 emigrou para Lisboa, a convite do Nextart onde trabalhou por seis anos como professora nos cursos de Desenho e Pintura e como coordenadora pedagógica dos cursos de artes visuais. É mestre em Artes Visuais e Intermédia pela Universidade de Évora, Portugal.

Desde 2013 é proprietária e professora de Desenho e Pintura na Nextart Brasil em Sorocaba (SP) e co-organizadora do projeto Desenhistas Urbanos na mesma cidade. Em 2015, por ocasião da Frestas Trienal de Arte Contemporânea, no SESC em Sorocaba, deu início à colaboração no duo artístico “Entropia na Caneca” com o artista Joaquim Marques.

Atualmente vive entre Sorocaba e Lisboa.



TEXTO DE APRESENTAÇÃO


Identidade Perdida. Letícia Barreto.

As pinturas apresentadas fazem parte do meu projeto intitulado “IDENTIDADE PERDIDA”.

Este projeto de pesquisa, que desenvolvi entre 2000 a 2006, é uma reflexão sobre diversas questões referentes ao universo feminino através da desconstrução de clichês e imagens femininas em propagandas antigas e atuais; nos cânones dos livros de anatomia; através da representação do corpo feminino e do meu próprio corpo nu. 

O nu em minha obra é questionador e provoca o espectador com grande dose de humor e ironia, criticando tabus, estereótipos e o “padrão ideal” de beleza e comportamentos femininos, resgatando minhas memórias pessoais da infância e adolescência. 
O objetivo principal é iniciar um processo de questionamento da realidade, criticando o mundo ilusório e artificial das revistas femininas e de moda, onde as mulheres têm um padrão de beleza irreal. 

Assim, o elemento principal e mais frequente em minha obra, o CABIDE, passa a ser um símbolo desse processo. Um questionamento do como nossa educação familiar e escolar, além da religião e a influência da sociedade em geral e em especial da mídia, moldam nosso corpo e alma fazendo com que nos tornemos apenas imagens postas em exibição. Na era dos anabolizantes e silicones, as mulheres tornaram-se só imagens, super-objetos, e acabaram por perder a sua essência, mudaram seus valores. É essa perda de essência e a supervalorização da imagem externa que as mulheres cabides simbolizam. Elas são apenas imagens daquilo que a sociedade espera delas.

Apesar de todas as conquistas e da suposta “liberação feminina”, a mulher atual continua “bem comportada”. As algemas de sua infância ainda marcam fundo sua pele. Ela interiorizou todas as regras, normas e tradições aprendidas pela mãe e avó. E continua a segui-las, ainda que tenha pouco a ver com a sua vida e seu entendimento do papel da mulher na atualidade. Ela continua a se apertar no velho papel espartilho, apesar de usar roupas novas por cima.