Fernanda Monteiro

exposições:

U. Calendário ARCO 2023. Mulher Minotauro_CRIA. Silvana Sarti, Luzia Florentino

Calendário ARCO 2023. Segundo semestre.

A Maturidade e os fazeres artísticos.

 

Projetos participantes:

 

1. Mulher Minotauro - Cria 

Artistas:Silvana Sarti, Luzia Florentino e Fábio Florentino

Curadoria: Fábio Florentino

APOIO INSTITUCIONAL DA PREFEITURA DE SOROCABA - SECRETARIA DA CULTURA - LEI Nº 11.066/2015

Abertura: 25 de agosto

Período expositivo: de 28 de agosto a 29 de setembro

Local: Fernanda Monteiro Galeria de Arte

 

2. Reflexões Cotidianas. A expressividade nos exercícios de atelier.

Artista: Carmen Lúcia Corrêa de Camargo 

Curadoria: Fernanda Monteiro

Abertura: 06 de outubro

Período expositivo: de 09 de outubro a 03 de novembro

Local: Fernanda Monteiro Galeria de Arte

 

3. MATA

Artista: Mazé Perbellini

Curadoria: Fernanda Monteiro

Abertura: 10 de novembro

Período expositivo: de 13 de novembro a 08 de dezembro

Local: Fernanda Monteiro Galeria de Arte

 

4. Roda de bordado. Vivências compartilhadas

Participantes: Carmo Gomes, Cláudia Paslar, Glória Souza, Marília Job

Coordenação: Marisa Perez

Abertura: 12 a 22 de dezembro

Local: Fernanda Monteiro Galeria de Arte


 

Texto release:

 

“(…) O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos. (…) um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços. mas o sonho interminável das sereias.” Lia Luft. Canção na plenitude.

 

O mote para as atividades do calendário ARCO deste semestre na Fernanda Monteiro Galeria de Arte é a maturidade feminina e os fazeres artísticos. Sob a ótica de uma sociedade que, intitulada contemporânea, ainda cultiva valores retrógrados que insistem em catalogar e restringir o espaço feminino, a maturidade da mulher está contaminada por referências que determinam comportamentos e atitudes fortemente vinculados a expectativa de que a mulher acima dos sessenta anos cumpre um papel doméstico e discreto. Pensando nisso, a Fernanda Monteiro Galeria de Arte propõe uma reflexão a respeito da atuação artística de mulheres maduras com visões e produções potentes e inspiradoras para outras mulheres que, igualmente maravilhosas, vivem escondidas ou encobertas por veladuras sociais que turvam o que é considerado avançado ou fora do padrão etário.

Neste contexto aparece o projeto Mulher Minotauro - Cria, fotoperformance de Silvana Sarti com participação de Luzia Florentino, fotografia e curadoria de Fábio Florentino, com "Apoio Institucional da Prefeitura de Sorocaba - Secretaria da Cultura - Lei nº 11.066/2015", que inaugura a proposta com a exposição de mesmo nome com abertura em 25 de agosto, sexta-feira, das 19:30 às 22h.. Em Mulher Minotauro - Cria, podemos ver a reflexão de duas artistas sexagenárias sobre seus processos criativos na maturidade e de que forma o entorno, as materialidades dialogam com os seus corpos atuais, muitas vezes segregados por não se adaptarem ao padrão. A cerâmica produzida por Luiza dialoga e auxilia a criação performática de Silvana na espacialidade do antigo matadouro municipal, lugar de morte subvertido em cenário de celebração do viver, revelando a potência criativa manifesta em toda e qualquer fase da vida.

 

Texto Curatorial:

 

A mulher mitológica descobriu que a cor azul manifestada no céu durante o dia nada mais é do que a escuridão iluminada. Compreendeu, talvez por conexão inconsciente com Goethe, que as cores nascem da escuridão por intermédio daquele fenômeno eletromagnético que chamamos de luz. Desde então, emergindo do seu obscuro silêncio, percebeu que não estava mais sozinha. Encontrou similitudes em outras criaturas – tão míticas quanto ela – que se atraíram pelo intento quase maternal de criar e recriar, movidas cada qual a seu modo pelo desejo inato de colocar significâncias pessoais no mundo.

Pelo prisma das urgências contemporâneas, o projeto Mulher Minotauro – Cria propõe uma reflexão social sobre o tratamento dado às mulheres que tiveram seus corpos alterados pela inscrição natural do tempo. Provando o contrário do que muito difundiu-se em épocas recentes, tal passagem cronológica tornou-as absurdamente vivas, potencialmente ativas para contestarem padrões e reconstituírem uma nova realidade dentro de suas condições, já que muitos embriões continuam sendo gestados por elas, ainda que não mais no ventre, mas com frequência nos planos imateriais do pensamento.

O projeto expõe de modo simbólico aspectos a serem considerados em uma sociedade excludente, que dificulta a divulgação de ideias e trabalhos de mulheres na maturidade, reunindo assim um ecossistema de testemunhos e experiências de cidadãs aptas a criar outras vidas, outros mundos, erigir novos conceitos onde a verve contida nesses momentos de partilha promove muitos pontos de convergência, transformando-as em um vigoroso continente capaz de irmanar outras mulheres-ilhas que se identifiquem com tais jornadas. Os desígnios pessoais, a voz do chamamento, a guiança pela própria consciência e os corpos aqui conectados refletem a força da vida determinada a existir apesar das trincas.

É sob a luz vibrante dessa atmosfera que a Mulher Minotauro ajusta o seu olhar de investigação – antes afetado pela escuridão do labirinto – e observa com orgulho os sulcos e as cicatrizes do próprio corpo em constante estado de emancipação. Substancial agora, a necessidade inerente da criação, o interesse pela sacralização da vida em suas inúmeras formas de pulsões. Fábio Florentino

“Corpo, meu velho companheiro, nós perecemos juntos. Como não te amar, forma a quem me assemelho, se é nos teus braços que abarco o universo.” Marguerite Yourcenar