Fernanda Monteiro

exposições:

S7. Calendário ARCO 2023. A poética do Fortuito. Mariana Sanches

A poética do fortuito. Mariana Sanches.

Abertura da exposição: 13 de maio, sábado, a partir das 16h

Período expositivo: de 15 de maio a 26 de junho de 2023

Local: Fernanda Monteiro Galeria de Arte

Curadoria: Fernanda Monteiro


 

Texto curatorial: 

 

Saint Exupéry escreveu que “O essencial é invisível aos olhos” e por vezes o é, mas Mariana Sanches é capaz de subverter a afirmativa com seu olhar assertivo sobre o fortuito. É nata sua capacidade de transformar o comum em único, o furtivo em frutífero. Ela é uma colecionadora de miudezas como Manoel de Barros, capaz de entender a complexa arte de ver a que se refere Rubem Alves, descobrindo e criando microcosmos a semelhança das “cidades invisíveis” de Ítalo Calvino, através dos olhos atentos dos “homens lentos” de Milton Santos.

Com pouca sofisticação em seus recursos de captação de imagem, despretensiosamente, Mariana recorta a realidade que vivencia no cotidiano, enquanto executa suas atividades diárias. Munida de um celular, durante a rotina, ela percebe, apreende e recorta nos mostrando, aqui empresto as palavras de Ítalo Calvino, pela primeira vez aquilo que vemos todos os dias sem ver. Sim, poderíamos ver, mas a realidade trivial nos parece tão desinteressante que não a percebemos. Mas existem muitas coisas a serem vistas e o que é somente uma pedra no caminho para um, é poesia para o outro.

É com muito orgulho que apresento a produção tranquila e desavisada de uma menina com olhos maduros, que com meios muito simples nos mostra que em tudo há desenho, há vida, há arte.

 


 

Sobre a artista:

 

Mariana Sanches é uma jovem artista, de 18 anos, nascida em Sorocaba,  estudante do segundo ano  de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, que faz sua primeira individual na Fernanda Monteiro Galeria de Arte em Sorocaba, lugar bastante familiar, onde cresceu em meio a produção artística sorocabana gerida por sua mãe, artista, gestora cultural e curadora da galeria. Seu olhar apuradíssimo sobre o trivial foi desde cedo estimulado e assistido, mas é ela a protagonista de sua produção. Desde pequena, se encanta com as possibilidades do comum, do aleatório, e se permite contagiar pela primeiridade. Sua leitura do cotidiano é precisa, recortando detalhes que nos transportam para microcosmos. Sua poética é intuitiva, acontece naturalmente, quase ao acaso, de modo que tudo pode se converter em um potente núcleo de interesse para ela. Seja um reflexo, uma textura ou um vazio, o fortuito é descoberto e metamorfoseado, destacado por sua câmera. Seu celular é o mais ágil e hábil dos pincéis, capaz de converter uma volta no quarteirão em sensível obra de arte.